7º Ciclo

Esperei o dia todo, achei que não viria, na minha cabeça ia mentalizando os próximos passou, o teste de farmácia, depois a procura por um laboratório para confirmar por exame de sangue. Era o 27° DC, meu ciclo vinha bem regular média de 26 dias, então deveria vir, senão se tratava de um atraso, mas era o 11° DPO, sempre tive exatos 12 dias de fase lútea, mas fiz o ciclo utilizando chá de inhame e abacaxi, talvez alguma alteração, ovulei não no 14° DC e sim no 15°.
Amanheci já temendo, a temperatura que havia se elevado após ovulação em picos de 36.7, caiu gradativamente, estava com medo de medir novamente nesta manhã que seria um dia de atraso ou o primeiro triste dia de um novo ciclo, mas medi e ela realmente continuava caindo marcando 36.4.
Ia ao banheiro olhava o fundo da calcinha, analisava o papel higiênico durante o dia inteiro, analisar o colo do útero não, tenho medo, medo de ver o que não desejo.
Saindo do serviço minha cabeça continuava planejando os mágicos passos que eu tomaria caso se confirmasse um atraso e se ela se ausenta, mas saindo do metro me sentia úmida, escorregadia, talvez estivesse lá a minha visitante mensal, eu temia, precisava de um banheiro naquela hora, o caminho para casa seria longo, então pego meu celular e passo a digitar os detalhes deste angustiante dia, escrevendo as linhas que se lê acima. Alguns momentos sentindo um pouco de cólica e um calor de um dia que não esta tão quente, mas é o medo que me assombra me deixando agitada. Eu peço, Deus e  N. S. Aparecida faça seu milagre em mim.
Chegando em casa esta lá, ela realmente havia dado as caras, avisei ao maridão, logo ele se entristeceu e me perguntou se eu estava triste, eu apenas respondi que entreguei nas mãos de Deus, decidi aceitar agora que não consigo, do que ter esperanças que seria capaz de gerar uma vida e receber mais a frente um diagnostico frustrante, é triste falar isto, pensar isto, mas já me acostumo com a ideia do sonho não se concretizar, dói menos.

O amor é o ridículo da vida. A gente procura nele uma pureza impossível, uma pureza que está sempre se pondo. A vida veio e me levou com ela. Sorte é se abandonar e aceitar essa vaga ideia de paraiso que nos persegue, bonita e breve, como borboletas que só vivem 24 horas. Morrer não doi!